ESG e os novos rumos da gestão

Quem lê sobre investimentos e negócios com certeza já ouviu falar em ESG. Mas o que, exatamente, a sigla quer dizer?

ESG significa environmental, social and governance, ou, em português, “ambiental, social e governança”. Na prática, consiste em três critérios que permitem medir os impactos sociais e ambientais de uma empresa. É usado como uma espécie de métrica para nortear boas práticas de negócios. Alguns aspectos observados quando se fala em ESG são os impactos ambientais e sociais da cadeia de negócios, as emissões de carbono, a gestão dos resíduos e rejeitos oriundos de determinada atividade, questões trabalhistas e de inclusão dos trabalhadores e a metodologia de contabilidade, dentre outras.

Esses fatores têm ganhado destaque em uma sociedade que, cada vez mais, valoriza corporações responsáveis com o meio ambiente, a sociedade e a própria gestão. Por conta disso, investidores e consumidores passaram a olhar para critérios como sustentabilidade e governança corporativa na hora de decidir onde colocar dinheiro.

Pesquisas recentes evidenciam que as prioridades das novas gerações, de forma geral, são muito ligadas à responsabilidade e ao impacto social. Por exemplo: segundo uma pesquisa de 2016 da Cone Communications, 75% dos millennials estão dispostos a ter um corte no salário para trabalhar em uma empresa socialmente responsável. Já a pesquisa Estilos de Vida 2019, da Nielsen, mostrou que 42% dos entrevistados pela consultoria declararam ter mudado significativamente seus hábitos de consumo em prol do meio ambiente - um indicativo forte sobretudo entre os mais jovens, cujo poder aquisitivo está em ascensão.

 

Qual a origem da sigla ESG?

A sigla ESG surgiu pela primeira vez em um relatório de 2005 intitulado Who Cares Wins, lançado pela ONU. Na época, 20 instituições financeiras de 9 países, entre eles o Brasil, se reuniram para desenvolver diretrizes e recomendações sobre como incluir questões ambientais, sociais e de governança na gestão de ativos, serviços de corretagem de títulos e pesquisas relacionadas ao tema. A conclusão do relatório foi que a incorporação desses fatores no mercado financeiro gerava mercados mais sustentáveis e melhores resultados para a sociedade.

Não é novo ressaltar a necessidade de ter uma agenda ESG dentro das empresas. É a constatação da realidade: quem não se comunica com seu público acerca das ações de responsabilidade social e em prol da sustentabilidade já está atrasado. Diante desse cenário, as empresas têm corrido para demonstrar suas campanhas e projetos dentro do tema — e, por meio disso, conectarem-se ainda mais com seus clientes.

No entanto, o ESG vai muito além de apenas criar um laço com o cliente: ele desperta nas corporações uma responsabilidade imensa, de ser um agente real de transformação. E hoje, quem não é sustentável já enfrenta dificuldades no mercado.

O fato de conversar com o mundo financeiro também oferece ao ESG um status elevado em comparação com o já batido termo sustentabilidade, visto com ceticismo e descrédito por muitos executivos pela sua origem no universo das ONGs. Assim, o que se vê hoje é uma tentativa de substituição de sustentabilidade por ESG, especialmente por aqueles que se mantiveram distantes destes temas.

Realmente ESG parece sustentabilidade, mas não é o mesmo. ESG joga luz sobre aspectos não-financeiros que precisam ser considerados por uma companhia que busca ser sustentável. ESG é, em essência, a abertura de informações e a mensuração da performance da gestão ambiental e social e das práticas de governança de uma organização.

 

E o que significa cada letra dessa sigla?

A sigla ESG une três fatores que mostram quanto uma empresa está comprometida em ter uma operação mais sustentável em termos ambientais, sociais e de governança. Cada letra tem um significado:

 

E (environmental, em inglês, ou ambiental, em português)

A letra E da sigla se refere às práticas de uma empresa em relação à conservação do meio-ambiente e sua atuação sobre temas como:

  • Aquecimento global e emissão de carbono;
  • Poluição do ar e da água;
  • Biodiversidade;
  • Desmatamento;
  • Eficiência energética;
  • Gestão de resíduos;
  • Escassez de água.

 

S (social, em inglês e português)

Já a letra S diz respeito à relação de uma empresa com as pessoas que fazem parte do seu universo. Por exemplo:

  • Satisfação dos clientes;
  • Proteção de dados e privacidade;
  • Diversidade da equipe;
  • Engajamento dos funcionários;
  • Relacionamento com a comunidade;
  • Respeito aos direitos humanos e às leis trabalhistas.

 

G (governance, em inglês, ou governança, em português)

Por fim, a letra G se refere à administração de uma empresa. Por exemplo:

  • Composição do Conselho;
  • Estrutura do comitê de auditoria;
  • Conduta corporativa;
  • Remuneração dos executivos;
  • Relação com entidades do governo e políticos;
  • Existência de um canal de denúncias.

 

Práticas de ESG que podem ser adotadas por empresas

A mudança de paradigma trazida pelo ESG fez com que as empresas percebessem que a adoção dessas práticas já não é mais uma escolha, seja por conta da pressão dos fundos de investimento, seja por conta dos investidores ativos. Mas equilibrar a busca de valor no longo prazo com a adoção de práticas que podem prejudicar os lucros de curto prazo não é tão simples e, nesse contexto, existem algumas boas práticas de ESG surgindo.

 

Ambiental

  • Desenvolver embalagens recicláveis, ou que utilizem menos plástico;
  • Usar materiais reciclados no escritório e digitalizar o que for possível para reduzir desperdícios;
  • Usar energias limpas e renováveis, que não emitam poluentes, como a eólica e a solar;
  • Fazer a destinação correta de resíduos e efluentes;
  • Investimento em prevenção de perdas

 

Social

  • Incentivar a equidade salarial e de carga horária entre homens e mulheres;
  • Privilegiar o diálogo entre colaboradores e líderes;
  • Realizar projetos sociais com a comunidade local;
  • Promover ou patrocinar eventos culturais e sociais.

 

Governança

  • Contratar fornecedores e colaboradores terceirizados que tenham integridade;
  • Ter uma hierarquia bem definida, com cargos e funções determinados;
  • Ter transparência, tornando públicas as principais informações;
  • Ter uma gestão eficiente, focada em produtividade.